Dispensado de falar, o presidente do sindicato é responsável por uma entidade que ampliou em 564% os valores recebidos entre 2020 e 2024.
Enquanto a Polícia Federal cumpre mandados em endereços ligados ao sindicato investigado por desviar recursos de aposentados, o Supremo Tribunal Federal (STF) concede habeas corpus ao presidente da entidade, permitindo que ele se cale diante da CPMI do INSS. A decisão, assinada pelo ministro Flávio Dino, foi vista pelo deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL-RO) como mais um gesto de “blindagem a pessoas próximas ao governo”.
O habeas corpus beneficia o presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), Milton Baptista de Souza Filho, que fica livre de responder às perguntas durante a oitiva da CPMI do INSS, no Senado. O deputado criticou a decisão e afirmou que a medida compromete o trabalho de investigação conduzido pela comissão.
O sindicalista preside uma entidade ligada ao irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, que ocupa o cargo de vice-presidente do Sindnapi. O colegiado apura irregularidades em descontos realizados nos benefícios de aposentados e pensionistas, que somam mais de R$ 1 bilhão em arrecadação nos últimos cinco anos.
“Hoje vamos ouvir o presidente do sindicato ligado ao irmão do Lula. Ele chega aqui protegido por um habeas corpus. Pode falar ou simplesmente ficar calado, se quiser. Mesmo assim, nós vamos questionar, porque esse sindicato movimentou mais de um bilhão de reais tirados dos aposentados e pensionistas sem autorização. É o dinheiro dos nossos velhinhos sendo desviado”, declarou o deputado Coronel Chrisóstomo.
A CPMI do INSS investiga denúncias de descontos indevidos em benefícios previdenciários e repasses de valores para sindicatos e associações sem autorização dos segurados. Entre 2020 e 2024, o valor repassado ao Sindnapi cresceu 564%, passando de R$ 23,2 milhões para R$ 154,7 milhões, conforme dados apresentados à comissão.